terça-feira, 7 de junho de 2011

A fulanização e a ralé

Continuo a pensar que a participação e a discussão política são essenciais. Com argumentos, claro.

Não venho em defesa de alguém agora. Pouco me interessa a vida privada de Paulo Portas, de Sócrates (nem deste nem do original), de Passos Coelho, de qualquer com apelido Coelho, Cavaco, nomes sonantes ou da moda, franceses, americanos ou outros.

Ninguém pode ser crucificado por insinuações. Qualquer um tem direito ao bom nome, à vida privada e à imagem. Os problemas devem ser resolvidos no seu lugar; se há indícios de crime que sejam tratados nos tribunais, se os tribunais não funcionarem, ponham-se os tribunais a funcionar.

Mesmo os facínoras! Por exemplo, achei péssimo que Ceausescu tivesse sido executado sem um julgamento a sério. Muita coisa se saberia se se tivesse tratado o caso com acusações fundamentadas e um processo claro. Talvez por isso muitos já não se lembram dele, o que permite que apareça alguém semelhante. Fiquei sempre com a suspeita que os que o mataram tinham também algo a esconder, conivências, sobretudo.

Com as imagens o mesmo. Não apreciei aquela fotografia de Savimbi morto, rodeado de moscas ou de Sadam desmazelado e enforcado, embora detestasse ambos. Há diferenças entre Justiça e a vingança que roça o sadismo. Tantos séculos de proselitismo cristão, parece que não servem aos que apregoam essa moral. Mas também não é a moral que me interessa.

As regras têm que servir para um universo de casos. Fui bombardeado ao longo de anos com mails sobre José Sócrates e outros. Fui prejudicado pela política deste Partido Socialista, não apenas pessoalmente, mas sobretudo pelo que fez, ou não fez, a este país.

Mas também não me venham com essa atitude de virgens ruborizadas de outros tempos, perante uma entrevista insensata de Ana Gomes. Não me venham sobretudo com moralismos, aqueles que têm o hábito de se satisfazer com insinuações, acusações anónimas, do género "não sei se é verdade mas repasso". Nem essa atitude, nem só para um lado.

Que se trate rapidamente dos submarinos, dos sobreiros, do BPN e dos seus tentáculos e promiscuidades, das nomeações, favoritismos etc., com provas, e que se faça justiça e que os culpados paguem pelo que fizeram.

E que se vá em frente, porque se há gente na política (não gosto do termo políticos, porque isso não é uma profissão nem herança) que é corrupta, há outros que o não são.
Não confundamos as coisas para que só uns ganhem há custa do ruído.

Um comentário:

Isabel disse...

Exactamente ...que se trate dos assuntos e em frente...que se esclareça, decida,julgue por quem de direito...que se "separem as águas"...mas, a questão é que há um certo tipo de politicos que tiram partido da neblina, atiram poeira para os nossos olhos, com entrevistas insensatas e insinuações e assim atingem um objectivo importante para eles: provocar o alheamento das pessoas em lugar do autêntico espirito esclarecido ou se fica confuso ou se vira as costas à politica!O país neste estado e alguns criam factos politicos: " adoro-vos"- Isto está lindo!!!!!
Isabel Isidoro