domingo, 23 de janeiro de 2011

Dia de eleições


Hoje é dia de pensamento, de reflexão, decretado, e ainda bem. Ainda bem que há alguma lei que obrigue, em princípio, à reflexão dos cidadãos, já que a prolixidade das leis, decretos, circulares, interpretações unilaterais e compulsivas que se sobrepõem aos princípios, são mais do que o pão nosso quotidiano, coisa que vai aumentando com o IVA, os amigos deles e os cartéis da mesma família e companhias ilimitadas em offshores e sítios semelhantes.

Ao menos que haja um dia ou dois em que se pense sobre a Res Publica, em que não se esqueça o que não deve ser esquecido, em que se esqueçam as poeiras desses fumos que nos entorpecem.
Já estive várias vezes em mesas eleitorais. Na maior parte das vezes sem nada receber em contado e, das que recebi, fui oferecendo a quem por mim e por outros vão fazendo alguma coisa por nós e por outros. Quem está nas mesas prescinde de muitas coisas, não só por ser Inverno e as salas, desde as sete da manhã e para além das sete da tarde, muitas vezes mais horas, estarem geladas, mas também acalentadas pela participação de muita gente.
Muita gente do dia-a-dia, com as suas dúvidas, com as suas vergonhas de aparecer em público, com as suas dificuldades práticas, de andar, de ver. No mínimo, recordo ( e eles continuam), aqueles avós, por vezes guiados pelos netos, que vêm votar, com grandes dificuldades, mas que não desistem. Não desistem, porque passaram uma boa parte da vida, sem qualquer direito, sem poder participar com a sua opinião, com a sua contribuição para a comunidade. Durante décadas e décadas foram muitos, muitos mesmos, os que não podiam votar, porque eram analfabetos, porque eram mulheres, porque tinham os direitos políticos sonegados.

Muitos destes, quando vão votar, sentem-se renascer, sente-se que ainda estão a mostrar que toda uma vida que tiveram é uma reflexão continuada que merece ser exprimida, numa contribuição para uma melhor vida para todos.

É por isso que detesto toda essa conversa de que se gasta muito com eleições. Tanto tempo houve por aí uns senhores que poupavam nisso e veja-se a miséria em que nos deixaram até 1974. Felizmente são tempos passados que nós não havemos de deixar regressar.

Experimente-se a ver as pessoas a votar, e a ver esse "brilhozinho nos olhos", coisa que não aparece nos comentaristas de alguma opinião publicada.

Ainda há Esperança, Persistência e Convicções.

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