sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Que se exportem os lucros, que outros hão-de pagar o déficit.

A proposta do PCP para antecipar em 2010 a tributação de dividendos distribuídos por grandes empresas foi chumbada esta tarde, na Assembleia da República pelo PS, PSD e CDS-PP, obtendo o voto favorável de Defensor Moura e as abstenções de João Galamba e Miguel Vale de Almeida (PS).

Apenas Bloco de Esquerda, PCP e Verdes e o deputado socialista Defensor Moura estiveram a favor do projecto comunista, partido que anunciou que irá apresentará uma declaração de voto.
http://www.abola.pt/nnh/ver.aspx?id=235194

As empresas encontraram um "truque" descarado para não pagar ou pagar menos. Os lucros que deveriam ser distribuídos em Janeiro são distribuídos antecipadamente. Há dias o Expresso referia as enormes quantias que as empresas portuguesas depositam nas Ilhas Caimão, na Irlanda, etc. Os bancos, também os portugueses, pedem emprestado ao BCE a cerca de 1% e emprestam ao Estado, comprando dívida, a 7%. As parcerias público-privadas levam a que Estado pague as despesas e os privados fiquem com os lucros. O Estado afundou-se, e continua, com o BPN e outros e tem que pedir mais dinheiro emprestado.

Vamos pagar mas não todos. Estas empresas só são "patriotas", estes empresários só fazem manifestos quando querem que o Estado lhes dê subsídios ou facilidades.
De resto o descaramento aumenta exponencialmente. Os pobres e a classe média que paguem a crise e a recessão continuada.

A promiscuidade entre os partidos que têm estado no poder (e eles têm nome: PS, PSD e PP) aumenta também descaradamente. Sai-se do governo e vai-se para a Mota Engil; sai-se do governo e vai-se para o BPN; sai-se do governo e vai-se para a IBERDROLA ... Ainda no governo e é negócios com sucateiros, contrapartidas privadas com empresas que vendem submarinos ...Nomeiam-se os que não foram eleitos para as empresas públicas ou municipais apenas porque pertencem ao partido. Fazem-se fortunas e aumenta a disparidade entre os mais ricos e os mais pobres.

E depois querem que sejam os outros a pagar e a sossegar os mercados. Qual mercado? O que manda e é protegido pelos seus agentes, o que não quer saber da economia mas da especulação financeira? Vale a pena sossegar estes "mercados"? Quanto mais medidas restritivas se tomarem mais eles atacam. Pouco lhes importa que um país desenvolva a indústria, que aumente as exportações, que invista para produzir mais e melhor. Apenas interessa onde se vai ganhar mais e mais rapidamente. Isto nem sequer obedece à antiga ética capitalista.

E estes senhores que votam excepções, que têm pena destes "capitalistas" portugueses ou outros ,que afinal vão pôr esses lucros nos paraísos fiscais?
Lágrimas de crocodilo desses deputados que não são capazes de deixar de obedecer à voz do chefe e desprestigiam a Assembleia da República, porque eles (todos e cada um) é que foram eleitos pelos votos do povo e não os ministros ou chefes partidários. Para quê fazerem miseráveis declarações de voto, quando votaram a favor destas empresas que se eximem a pagar impostos que os outros têm que pagar?

Até o Miguel Vale de Almeida que se absteve, a posição mais fácil de descomprometimento! O que é feito desse radicalismo de ainda há pouco tempo?