quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O presidente e as escutas

O problema das escutas já anda a inquinar o país há muito tempo, sobretudo durante as campanhas eleitorais. Entrou-se um pouco na baixa política e o presidente afastou-se do seu papel de moderador, como se fosse um qualquer político, irritando os dois maiores partidos (que também têm culpas) e deixando o país estupefacto, além de contribuir para o desprestígio internacional. Deveria ter falado claro e pôr um fim ao problema, mas continuou com as dúvidas. Só se faz acusações com provas ou indícios fortes. Insinuações não devem ser toleradas, nem motivo para a continuação de debates estéreis.

Espero que agora (para além das eleições autárquicas), os deputados eleitos dos diferentes partidos assumam responsabilidades e os compromissos que fizeram perante os eleitores, bem como o Presidente da República, na formação de um governo estável, com as negociações necessárias, que implicam mudanças de rumo, porque há muitos problemas a resolver.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

CDU- a alternativa em Évora


Aprecio a actividade política, sobretudo quando esta tem como finalidade o progresso social, cultural e económico dos cidadãos.
Este gosto tem que se traduzir em acções concretas. Não me interessa qualquer poder mas apenas participar na construção da cidadania.
Por isso apoio a CDU e participo num lugar discreto como candidato à Assembleia Municipal de Évora.
O programa, as listas e as fotografias dos candidatos podem consultar-se em:

http://www.ganharevora.cdu.pt/dmdocuments/linhas_programaticas.pdf

Como sempre continuarei neste blogue a exprimir as minhas opiniões pessoais, respeitando as ideias de cada um.

A República e o Vaticano

Felizmente não existe qualquer contencioso entre o Estado português e a Igreja Católica nem ninguém vê necessidade disso.
Já há muito que o Estado está separado da Igreja e cada um tem a religião que quer, ser ateu ou agnóstico, que ninguém tem nada a ver com isso, pois trata-se de uma Liberdade individual inerente à condição de cidadão
Mas estranha-se que um Presidente da República, repito República, não queira falar no dia 5 de Outubro, em que o Estado comemora a República, para não interferir na campanha eleitoral (como se nunca tivesse interferido) e, no mesmo dia, anuncie a vinda do Papa no dia 13 de Maio a Fátima.

Fretes e ilusões

Ontem, os 3 canais de televisão, RTP1, SIC e TVI fizeram passar as seguintes “verdades”:

a) O PS foi vencedor. Vitória extraordinária, dizem alguns;
b) O PSD foi o grande derrotado;
c) A CDU perdeu porque ficou em 5º lugar;
d) O Bloco de Esquerda e o CDS/PP tiveram uma subida enorme, sendo o CDS o partido que mais importância política adquiriu, comparando com os resultados anteriores.

Vejamos agora os números, comparando o que é comparável, isto é os resultados de 2005 com os de 2009:

a) O PS perdeu 25 deputados;
b) O PSD/PPD ganhou 3 deputados;
c) A CDU tem mais um deputado
d) O Bloco de Esquerda passou de 8 deputados para 16, exactamente o dobro, e mais teria não fosse a dispersão, e o CDS de 12 para 21, isto é aumentou 1,75 vezes.

Pergunta-se agora:
Será que as televisões estão a fazer um frete ao governo e a promover uma coligação entre PS e CDS? Afinal todos os partidos da oposição cresceram e só o PS desceu estrondosamente.

Algumas reflexões sobre os resultados eleitorais

Numa primeira reflexão, ainda sem dados suficientes que permitam um melhor retrato e comparação com os resultados das eleições legislativas anteriores, constato algumas mudanças importantes, estruturais e conjunturais, algumas que nem sequer esperava que atingissem estas dimensões.
- Há um grande descontentamento em relação à prática do governo e ao seu estilo de governação, tendo o PS perdido votos e deputados. Usou meios poderosos de comunicação e alguma “chantagem emocional”, alertando para o perigo de deixar reformas incompletas que seriam destruídas se a direita ganhasse, embora demonstrando convicção que isso não aconteceria. Ainda passou a imagem de um líder forte e reformador;
-Mesmo assim o PSD não conseguiu capitalizar esse descontentamento, tendo perdido votos, em parte para o CDS. Manuela Ferreira Leite não fez passar mensagens pela positiva, isto é não se percebeu o que é que o PSD/PPD pretendia se governasse. Contestou o TGV, que tinha aprovado anos antes e o partido enredou-se em discursos sobre “asfixia democrática” (não na Madeira!), “escutas”, "papão espanhol" e outras, além de ter candidatos a contas com a Justiça. Não me parece que tenha jeito para a política;
- O CDS foi mais claro, teve um resultado espantoso, subiu principalmente com eleitorado provindo do PSD. Paulo Portas sabe comunicar, focando-se em ideias simples, embora com muita demagogia, como se ele fosse o representante dos agricultores (fala em lavoura, palavra quase desusada em meios urbanos) e de outros grupos que se sentem marginalizados, usando uma linguagem moralista conservadora;
- O Bloco de Esquerda subiu estrondosamente por todo o lado, mesmo em distritos que se sabe que não tinha hipótese de conseguir um deputado. Por exemplo, no distrito de Évora onde obteve mais de 11%, embora não sejam quase conhecidos os candidatos a deputado. Tal como já tinha acontecido captou muito descontentamento de votantes do PS e de alguns que já votaram na CDU;
-A CDU ficou na mesma, com o mesmo número de deputados e com mais alguns eleitores que não chegaram para eleger mais um deputado.
- O descontentamento favoreceu o CDS/PP e o Bloco de Esquerda, que eram até aqui as margens da direita e da esquerda;
- A abstenção é preocupante, embora não muito diferente de outros países da Europa, o que é também preocupante. Alguma desta abstenção é agora mais clara, dado o recenseamento automático, aparecendo novos eleitores que nunca se deram ao trabalho sequer de se recensearem.

Há coisas que têm mudado muito neste país a nível social, por comparação com a sociedade em que se fez o 25 de Abril. Já não há quase assalariados rurais no Alentejo e os operários da cintura industrial de Lisboa diminuíram drasticamente, o que “minou” a base social do PCP, que sofreu também a erosão de grupos intelectuais, que antes pouco mais opções de contestação tinham em relação ao Antigo Regime. O país terciarizou-se, o interior despovoou-se, estamos numa sociedade de consumo que ainda tem raízes camponesas, quebraram-se antigos laços familiares e de vizinhança, com perda de interconhecimento e de comunicação cara a cara entre grupos.
Daí o problema da comunicação. Fala-se menos entre pessoas e procura-se mais a informação na televisão (por natureza menos reflexiva e mais espectacular, atingindo os extremos da futilidade e do escândalo na TVI) e na Internet. Mais vale um vídeo com Ana Drago no YouTube, multiplicado através dos blogues e redes informais, sobre a contestação dos professores, do que toda a mobilização feita pelos sindicatos nas manifestações, com transportes, organização dos eventos etc. (não refiro outros grupos que não são partidos). Assim como tem mais impacto um Paulo Portas a vindimar por alguns minutos do que todo o trabalho quotidiano de organizações de agricultores. Também não chega o que se faz nas autarquias, onde o Bloco de Esquerda e o CDS pouca importância têm.

Talvez falte a outros comunicar de outra maneira sem prescindir das ideias.

Vamos ver como vai ser a evolução do Bloco. Actualmente não tem ainda militantes suficientes para manter este peso político. Certamente vai consolidar-se mais, até porque vai receber muito mais do Orçamento de Estado e certamente vão entrar muitos mais militantes, alguns dos quais ainda pensavam há pouco tempo que era um partido da juventude contestatária. Vai ter que assumir responsabilidades e não apenas fazer contestação. E certamente haverá crises de crescimento. Mas é fenómeno para durar mesmo que baixe a votação nas próximas eleições legislativas. Nas autárquicas é que não acredito, até porque é preciso muita gente e existem quotas por género. Só aqui, no concelho de Évora, são precisas centenas de pessoas para a câmara, assembleia municipal e assembleias de freguesias, sendo que não podem estar mais que duas pessoas do mesmo sexo seguidas no ordenamento dos candidatos.
Além disso o conhecimento pessoal é muito mais importante.

domingo, 27 de setembro de 2009

O Castelo de Alter do Chão


Provavelmente construído em local já usado na época romana (em Alter há numerosos vestígios de construções romanas e bem perto ainda está em uso para o trânsito, a ponte romana de Vila Formosa) é construído na época califal e depois remodelado, tendo o aspecto actual das obras efectuadas no tempo de D. Pedro I. A vila tinha como senhor o próprio rei, tendo sido doada a D. Nuno Álvares Pereira e depois integrado na Casa de Bragança.

D. Pedro, que teve o cognome de Justiceiro, foi também conhecido como Pedro O Cru ou Cruel, à semelhança do seu sobrinho rei de Castela. Fernão Lopes conta-nos vários episódios deste rei conhecido pelos seus amores por Inês que, ora numa noite mandava fazer um baile com o povo em Lisboa, onde ele próprio entrava na folia, ora fazia justiça com castigos severos.
Fernão Lopes, na Crónica de el-Rei D. Pedro refere alguns critérios:

Era ainda el-rei Dom Pedro muito cioso, assim de mulheres de sua casa, como de seus officiaes e das outras todas do povo, e fazia grandes justiças em quaesquer que dormiam com mulheres casadas ou virgens, e isso mesmo com freiras.


O autor cita casos como o do bispo do Porto que dormia com a mulher de um cidadão e que mandou despir o bispo e só não o chicoteou por intervenção de alguns nobres que o avisaram que poderia ter problemas com o Papa. Mas em relação a um seu escudeiro foi mais longe:
E como quer que o el-rei muito amasse, mais que se deve aqui de dizer, posta de parte toda bemquerença, mandou-o tomar dentro em sua camara, e mandou-lhe cortar aquelles membros que os homens em mór preço tem: de guisa que não ficou carne até aos ossos, que tudo não fosse corto. E pensaram Affonso Madeira, e guareceu, e engrossou em pernas e corpo, e viveu alguns annos engelhado do rosto e sem barbas, e morreu depois de sua natural morte.

Ouvi também contar uma outra história, esta em Alter do Chão, certamente neste castelo. Estava o rei a olhar para o movimento das mulheres que iam ao chafariz (suponho que o mesmo chafariz que estava encostado ao castelo e que foi daqui “deslocado” há algumas décadas) quando ouviu uma mulher chamar outra que tinha por alcunha a “forçada”. Intrigou-se o rei e logo mandou chamar a mulher à sua presença, que lhe disse que quando era mais nova tinha sido “forçada” (violada) por um homem com quem depois casou e teve filhos. De imediato o rei quis fazer Justiça e condenou o homem à forca. Bem chorava a mulher dizendo que gostava muito do marido, que el-Rei não se comoveu e mandou executar a sentença.

Mas este castelo, para mim, traz-me outras recordações. Vivi em Alter até aos oito anos. O meu pai era tesoureiro da Fazenda Pública e da Câmara e Caixa Geral de Depósitos (imagine-se o “movimento” financeiro que a Câmara ou CGD tinham nessa altura!) e era delegado (ou qualquer cargo com um nome parecido) da Casa de Bragança para este castelo, cargo simbólico e não remunerado. Tinha a chave do Castelo! E, também por isso, este era o meu modelo de castelo e não o castelo de Guimarães, o modelo oficial da ideologia nacionalista. Mas, mais do que isso, quando ia para a escola primária que ficava noutra ponta da vila (nessa época andava-se a pé e sem os pais a acompanhar), ia cumprimentar o guarda do Castelo e dava uma volta pelas zonas que não estavam em risco de demolição. Hoje sei que foi restaurado e que tem lá dentro um museu.

Ver sobre D. Pedro I, a Chronica de el-Rei D. Pedro I, de Fernão Lopes: http://www.ippar.pt/pls/dippar/pat_pesq_detalhe?code_pass=70689
E sobre o castelo: http://www.triplov.com/historia/fernao_lopes/D-Pedro/index.htm

Indícios de participação eleitoral

Este ano leccionei uma disciplina de opção de 12º ano de Ciência Política. Fizémos um blogue com o título "Discursos Vários Políticos" http://discursosvariospoliticos.blogspot.com/ , que é o título de um livro de Manuel Severim de Faria. Desde o fim das aulas, em Junho, nada mais foi aí publicado. Há um programa que associei que faz as estatísticas e envia-me periodicamente informação. Hoje recebi por e-mail, dados actualizados e, qual não foi a minha surpresa, quando reparei que esta semana houve 90 c0nsultas.
A minha explicação é simples: há muita gente interessada em informação sobre política. Certamente as pessoas foram levadas a este blogue um pouco por engano, sugestionadas pelo título, mas é bom sinal este interesse por estes assuntos.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O voto útil contra o PS.

Tenho constantemente recebido mensagens do género ”vota à direita ou à esquerda mas não votes no PS”. Ultimamente até tenho recebido outra, em que se demonstra em que partido se deve votar para não ganhar o PS em determinado círculo: nuns deveria votar-se no PSD, noutros na CDU ou Bloco de Esquerda, e haveria ainda em alguns várias possibilidades de escolha.
Ora este raciocínio simplista é perigoso. Será que existe alguma coerência num eleitor que vota à direita ou à esquerda só porque mora num distrito, podendo votar de maneira completamente diferente se morasse no outro círculo eleitoral ao lado? Por uma questão de localização mudamos da CDU para o CDS ou do Bloco de Esquerda para o PSD? Será que por morar na Madeira uma pessoa teria que votar nos sectários de Alberto João, fazendo vista grossa e alinhando com o populismo, caciquismo e o compadrio?
Estes partidos não nasceram do nada. Recorde-se que na anterior legislatura o PSD aumentou impostos, tendo garantido na campanha eleitoral que os ia baixar, que Manuela Ferreira Leite era implacável, que congelou os vencimentos dos funcionários públicos… e que, por fim, o primeiro-ministro Durão Barroso pôs no poder uma figura de um tipo que nem já nem na América Latina se usa e que, apesar da paciência demonstrada face a ideias e práticas mirabolantes que aumentaram ainda mais o deficit, o Presidente da República despediu-o por incompetência. Vamos também esquecer que figuras que exerceram cargos importantes do Estado enriqueceram repentinamente? O caso BPN é exemplar e ultrapassa a decência e a promiscuidade.
Mas mais do que estes casos, que são apenas a espuma visível, PS e PSD apropriaram-se do aparelho de Estado, estando ora no governo ou fora dele, sem qualquer pudor em aproveitar-se e servir dois senhores ao mesmo tempo, obtendo proveitos próprios, mesmo sem corrupção aparente. Evidentemente que a maior parte dos militantes não são assim, mas a teia tem crescido.
Mas há mais! No PSD tem-se defendido o privado contra o público. Assim assistimos à privatização de hospitais e tentativas de destruição do Serviço Nacional de Saúde, elogiam-se as escolas privadas em detrimento das públicas, com desinvestimento na Educação, proclamam-se os benefícios das reformas privadas, contra a Segurança Social, mesmo sabendo que muitas companhias seguradoras que especulam nas bolsas deixaram de dar garantias a partir desta crise, desregulamentaram-se direitos, levando à precariedade no trabalho e ao despedimento fácil, sobretudo em relação aos jovens …
E, no caso dos professores, ainda recentemente não esteve o PSD calado tanto tempo, quando foram publicados os decretos sobre a gestão e o estatuto dos professores? E o que propõe agora: vai permitir que todos possam chegar ao topo da carreira, desde que tenham cumprido os deveres profissionais? Vai propor a gestão democrática? Ainda não os ouvi falar disso, mas sei que isso levaria a um aumento do orçamento de estado na Educação e Manuela Ferreira Leite já demonstrou como ministra das Finanças, que não é pessoa que abra os cordões à bolsa para aumentar a massa salarial.
E já agora porquê tanta preocupação com maiorias absolutas? As que tivemos levaram sempre a tiques autoritários: Cavaco Silva, “o homem do leme”, “que nunca tinha dúvidas e raramente se enganava” (expressões do próprio) ou José Sócrates que já dispensa apresentações.
Na Alemanha já há muito que se governa com um sistema multipartidário, com governos minoritários e o sistema funciona. Somos superiores ou inferiores aos alemães?

O PS e os professores

No ensino, o governo teve várias bandeiras, entre as quais o Estatuto dos professores e a Gestão das escolas. Outras, como o Estatuto do aluno, em especial o regime de faltas, são coerentes com estas. Mas não se mexeu no curriculum, o que seria essencial, visto que até, coisa nunca antes vista, há várias disciplinas onde há apenas uma aula por semana, no meio de uma dispersão, onde nem o melhor professor consegue que se cumpram os programas nas suas várias latitudes, isto é, conhecimentos e competências.

De facto, as coisas têm relação e obedecem a princípios, por vezes não declarados. Em comum, partiu-se do princípio que era necessário reforçar e pessoalizar a autoridade, nas escolas, mas sempre dependentes do poder central, diminuindo a autonomia dos professores, ao mesmo tempo que se facilita a vida aos alunos, com menos avaliações internas e externas e com perdão sucessivo das faltas, o que leva ainda mais a que os professores sejam culpabilizados pelos resultados dos alunos, como se estes fossem apenas uns dependentes das motivações e malabarismos, os quais não existindo sempre, levam a que se o aluno não estudar é culpa dos professores. Cito exemplos: as faltas são sempre relevadas, desde que façam uma prova; as aulas de substituição, em que não existe uma relação entre alunos e uma turma, levando ao desrespeito sem consequências; as provas globais no final do ano e o fim de exames externos em disciplinas como Filosofia.

Não houve uma avaliação credível do que se passava. Antes, partiu-se de uma ideologia, preconceitos, que nada têm a ver com a ideologia socialista ou social-democrata. Em parte, o problema tem a ver com a própria formação do Partido Socialista, fundado em 1973, com ideias ainda marxistas, mas expandindo-se rapidamente após o 25 de Abril, contra o Partido Comunista, aliando-se a forças de direita, aos EUA em tempo de guerra fria. Diferentemente de outros congéneres, como o PSOE, que combateu na Guerra Civil de Espanha e na clandestinidade, o Partido Social-Democrata alemão com Willy Brandt, mesmo o Partido Trabalhista Britânico com as suas ligações aos sindicatos. Claro que a maior parte destes renderam-se ao capitalismo neoliberal, sendo exemplo o caso de Tony Blair que inventou a “Terceira Via”. Os nórdicos, na Suécia, ainda são um caso à parte, continuando ainda com preocupações sociais muito fortes. E existem ainda casos estranhos, como o Partido Trabalhista de Israel que tem defendido uma política colonialista e de “apartheid”.

Aqui, este governo, não só se rendeu ao liberalismo, como defende a maior parte dos seus pressupostos.

Mas voltemos um pouco atrás e vejamos de que paradigma se parte nas relações entre chefias e subordinados.

Poderemos simplificar:
Uns defendem um serviço público, que contribua, até com espírito de abnegação, que dignifique e melhore a Nação, com vista ao progresso e ao bem da comunidade. Isso leva a que as pessoas não se importem até de trabalhar horas a mais, a prescindir de outros trabalhos que lhe poderiam dar um proveito pessoal. A satisfação é obtida não apenas pelo rendimento pessoal gerado mas pelo reconhecimento da sua utilidade. Se houver autonomia com responsabilidade a actividade ainda decorrerá melhor.

Nas empresas privadas o importante é o lucro. Quem trabalha é essencialmente estimulado pelos proventos individuais que possa auferir, em dinheiro ou outras regalias.
Por exemplo, ninguém faz voluntariado numa empresa privada, mas muitos fazem em entidades do estado ou sem fins lucrativos, sem receber dinheiro em troca
Em plena maturidade da revolução industrial, era muito claro, que havia classes sociais com interesses diferentes, até antagónicos para os marxistas e outros socialistas, assim como para anarquistas e outros. Os partidos à direita, também reconheciam as diferenças de interesse e, por isso, tentavam e conseguiam pôr o aparelho de estado ao seu serviço, polícia, proibições etc.
Houve evolução e, caso exemplar, foram as empresas do sector automóvel do senhor Ford. Continuou a repressão, mas tentou-se “mascarar” as diferenças de classes, com prémios de produção, acesso à compra de produtos feitos em série, com divisão minuciosa do trabalho, com facilidades no crédito para comprar automóveis, sem “tempos mortos”. Havia um sistema hierárquico, com capatazes e “inspectores” que iam até a casa dos trabalhadores sob pretexto de verificarem as condições higiénicas, mas controlando toda a vida privada, não permitindo que os trabalhadores fossem sindicalizados ou pertencessem a qualquer associação “suspeita”. Para “melhorar” o sistema, punham os trabalhadores uns contra outros, principalmente jogando com as nacionalidades dos operários e opondo os mais produtivos aos menos produtivos.

Ora, em termos actuais, tendo em conta a evolução dos tempos, o que este governo fez foi transpor o paradigma do privado para o ensino (assim como para todos os funcionários do estado). Achou que era mais fácil impor a autoridade com a divisão dos professores, criação de chefias unipessoais obedientes, avaliadores nas escolas, com pequenos poderes, mas dependentes do poder, objectivos imediatamente quantificáveis, maior permanência nas escolas, embora sem as condições suficientes, o que obriga os professores a trabalhar cumulativamente em casa, progressão na carreira de acordo com critérios arbitrários, menor autonomia, cupabilização …
Adoptou-se um modelo de empresa capitalista, mas burocrático e pouco eficiente, sem sequer com estímulos monetários ou apenas com um simulacro destes. Abandonaram-se ou puseram-se a ridículo valores essenciais do serviço público. Esqueceram que um aluno não é um produto acabado, como nas fábricas, mas uma pessoa que vai evoluir a partir do muito que aprendeu na escola.

Não é por acaso que os professores referiram constantemente o problema da indignidade e desprezo com que eram tratados. Nunca poderiam ter existido manifestações desta dimensão, talvez as maiores feitas no mundo só com professores, se o problema fosse só salarial. Repare-se que, durante o governo de Durão Barroso, os salários foram congelados durante dois anos e a reacção foi muito menor.

Este governo de um Partido Socialista que já não sabe nem quer o socialismo, enveredou por uma prática autoritária e ineficiente, demagógica, regressando a pior que a estaca zero, ridicularizando e promovendo campanhas contra toda uma vida profissional de dezenas de milhares de professores que fizeram tantos trabalhos sem recompensas que não fossem o de um serviço em prol da sociedade.
Foram opções autoritárias e com desprezo até pelos estudos feitos. Examinemos nós racionalmente o que se tem passado e façamos a opção em democracia.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Bússola eleitoral

Dúvidas existem sempre mas há que decidir.
Há por aí uns testes interessantes sobre escolhas políticas.
Um é o "Political Compass", em inglês e mais algumas línguas:

http://www.politicalcompass.org/

Outro é a "Bússola Eleitoral", em português:

http://www.bussolaeleitoral.pt/

Vai-se respondendo a inúmeras perguntas e, no fim, o teste dá-nos o nosso posicionamento político.
Evidentemente, os testes não são tudo, haverá falhas, mas, pelo menos servem para reflectir.

domingo, 20 de setembro de 2009

Contra os "candidatos a primeiro-ministro" e o "voto útil".

Quase parece obrigatório votar num próximo primeiro-ministro.

Este é dos piores embustes da democracia. Com efeito nós votamos para eleger deputados e essa é que é a grande questão: o que nos propõem os deputados que se apresentam em cada círculo, o que pretendem fazer quando forem eleitos ou se vão ceder o lugar a um desconhecido, se vão ou não falar com os eleitores do distrito, visto que têm a segunda-feira para isso, se vão ou não apresentar propostas e quais etc. Enfim, que programa apresentam e qual vai ser a sua forma de actuação.

Há algumas perversidades na escolha dos deputados pelos partidos. Não compreendo muito bem porque é que há partidos que impõem quotas de dirigentes nos círculos locais, deputados que ora eleitos, nunca mais lá põem os pés, isto se não forem para o governo ou outro lugar. Lembram-se que Manuela Ferreira Leite já foi deputada por Évora ou, nas últimas eleições, um tal Perestrelo, eleito por Beja, e que depois passou para vice-presidente da Câmara de Lisboa? Multipliquem-se os exemplos, que são muitos, e sobretudo nos partidos que têm estado no poder.

Haveria uma forma simples de alterar este poder omnipotente das direcções partidárias, sem recorrer aos círculos uninominais que distorcem a intenção de voto, visto que os votos num candidato que tenha, por exemplo, 49%, não contam para a eleição, se houver outro que tenha mais um voto. Seria, em vez de votar apenas num partido, votar ao mesmo tempo num deputado. Por exemplo, no Brasil, cada candidato tem um número, quando o eleitor digita nesse número, aparece a fotografia e o partido desse deputado. Mais fácil seria aqui que somos menos e poderia manter-se o método de Hondt.

Mas, enquanto não houver um sistema desses, seria importante os eleitores exigirem e fazerem perguntas aos candidatos.

Outra questão é a do voto útil. Voto útil para quê? Para primeiro-ministro não, visto que não é disso que se trata e reduziria drasticamente as hipótese de eleitores. É óbvio que, por exemplo, em Évora, ninguém vota em Manuela Leite, Jerónimo de Sousa, Paulo Portas, Francisco Loução, José Sousa, Garcia Pereira, Carmelinda Pereira … Recorde-se até que Santana Lopes até foi primeiro-ministro, e nem estava isso em causa quando foi eleito deputado. Outros foram-se embora como Guterres ou Durão Barroso.

Além disso os partidos sobem e descem. A maior parte dos partidos e coligações só apareceram depois do 25 de Abril e alguns muito tempo depois e, mesmo assim transformaram-se (já há muito que Durão Barroso não é maoista, nem Pacheco Pereira do PCP-ml, também maoista, nem Zita Seabra é comunista, nem Ferro Rodrigues do MES …).

A liberdade está em cada um votar onde quer.

sábado, 19 de setembro de 2009

O "perigo espanhol"




Por todo o lado se acumulam indícios do "perigo espanhol". É este forte em S. Lúcar do Guadiana, mesmo em cima de Alcoutim, embora por aqui também haja um forte à defesa.
Os veleiros farão parte de uma conspiração, de uma invasão em direcção ao Alentejo?.
E os moinhos de vento? Serão os gigantes de D. Quixote!?
Imagens de Alcoutim e S. Lúcar.

Alter Pedroso






Alter Pedroso. Daqui vê-se grande parte do Alto Alentejo e até mais longe, a Serra de S. Mamede ou a Serra de Ossa, Alter do Chão, Cabeço de Vide, Portalegre, Marvão, Évoramonte...
Um bom lugar para reflectir, porque a questão já não é só a mudança mas a melhor forma de nós a fazermos.
Há que ver novos horizontes, mesmo a partir de ruínas.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A entrada em Portugal, os caminhos e os transportes em 1846



Andei muitos anos há procura deste livro. Tinha visto uma referência num texto de Cunha Rivara, a propósito da estrada em Arraiolos. Finalmente consegui o livro em pdf através do Google. É de um viajante inglês que atravessa a Espanha e Portugal, tendo sido publicado em 1847. A perspectiva é “naturalmente” de um inglês que vem de um país em plena maturidade da revolução industrial, onde já existem comboios de “alta velocidade”, estradas de macadame, indústrias, uma agricultura virada para o mercado e para o lucro, com adubos e tecnologia variada. Encontra países que ainda vivem o confronto entre o Antigo Regime e as ideias liberais, devassados pelas invasões francesas, as guerras civis e inúmeros golpes de estado, vulgarmente chamados em Espanha de “pronunciamentos”. Tanto em Portugal como Espanha se confrontam ainda o mundo antigo com o moderno, em Portugal guerras entre liberais e absolutistas, estes últimos perdedores mas continuando em guerrilhas ou mudando um pouco “para que tudo fique na mesma”, insurreições camponesas como a da Maria da Fonte em 1846, seguida da Patuleia; em Espanha as contínuas guerras carlistas, que juntavam a reacção absolutista com as reivindicações dos “fueros” e costumes tradicionais. Ainda por cima estes exércitos e guerrilhas internavam-se pelos territórios do país vizinho. As intervenções estrangeiras eram também frequentes. Dois países dilacerados, que tinham perdido as partes mais importantes dos seus impérios coloniais e que cada vez mais se afastavam da Europa industrial. Recorde-se ainda que, sobretudo desde 1640, as guerras entre Portugal e Espanha eram quase o estado normal.
O autor refere a falta de estradas (e repare-se que era uma das principais entradas em Portugal), afinal caminhos cheios de buracos. A fronteira era aberta (o autor ironiza que isto seria o ideal da livre circulação que ele, como inglês liberal defende), apenas encontrando um moço sonolento, a paisagem era quase um deserto até alcançar os olivais de Elvas. Só nesta cidade foi interpelado por uns soldados que, em vista do passaporte inglês, e como não sabiam ler mas não queriam dar parte de fracos, concluiram que poderia ser um agente espanhol! "Salvou-se" por falar com alguns oficiais, alguns de origem inglesa ou irlandesa que lhe pergutaram se tinha havido mais algum "pronunciamento em Espanha, coisa habitual. Na sequência, refere as estalagens portuguesas que, tal como as espanholas, não tinham nada para comer, leite nem vê-lo, apenas, por vezes, alguns ovos ou uma galinha pela qual se tinha que esperar que fosse morta e depenada, ou então uns bocados de chouriço, sopa (seria açorda?) e um guisado, com sorte. Salve-se a amabilidade que o autor refere em relação a ofertas de cachos de uvas e figos e a boa disposição de alguns portugueses e de algumas, apesar de elas andarem sempre com um lenço “mourisco” na cabeça.

Há pouco mais de 150 anos, num Alentejo quase sem gente e muito mato, aqui e ali sobreiros e azinheiras, sobretudo estevas que se queimavam periodicamente, alguns rebanhos de ovelhas, varas de porcos pretos, lobos, coelhos e perdizes, trigo ainda pouco.

Hughes, T. M., An overland journey to Lisbon at the close of 1846 ..., London, 1847.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A alta velocidade e o "perigo espanhol".

in Sketches or Portuguese Life, manner, costume, and carachter, London, 1826

“Não é fácil que me intimidem a não falar deste assunto pelo facto de já haver estrangeiros que já me vêm amedrontar. Não tenho medo de defender os interesses do país nem medo de defender a nossa independência económica”, afirmou, num almoço com dezenas de militantes em Castelo Branco, um dos três distritos por onde andou a campanha social-democrata. E o tema que já serviu para Sócrates rotular Ferreira Leite de “baixa política” é para manter. “Não vou abandonar um milímetro a minha forma de fazer política”, afirmou. Dando garantias de que “o interesse nacional tem de estar acima de todas as suspeitas”.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1400654, dia 14.09.2009

Esta polémica dos transportes de alta velocidade já tem muito mais que um século. No século XIX, quando em Portugal se estavam a fazer estradas, já que as que havia eram apenas as romanas e pouco mais, com o tempo convertidas em veredas por onde passavam almocreves, a pé e de burro, tendo sorte se não fossem assaltados por bandidos esfomeados, malteses do Alentejo, desertores, ex-guerrilheiros de todo o lado. Na Espanha o mesmo ou pior. Por essas e por outras vinham viajantes, ingleses sobretudo, visitar estes países exóticos, já que ir a África, implicava mais dissabores, e estes ainda ficavam na Europa, tal como a Grécia ou a Sicília. Faziam-se gravuras com as profissões e os vestuários dos portugueses e dos espanhóis, das variadas regiões, dos homens e das mulheres e das crianças eternamente descalços quase todos, eram proverbiais as anedotas sobre as incríveis estalagens espanholas, faziam-se óperas como o Barbeiro de Sevilha ou a Cármen em que se retratavam estes costumes “mouriscos”, fora do tempo da civilização industrial. Quem viajasse de Além-Pirinéus para cá tinha que largar o carro puxado a cavalos e simplesmente andar de burro ou de mula ou até a pé, que as “estradas” não davam para mais.


Em meados do século XIX discutia-se a alta velocidade e as estradas. A alta velocidade era a dos comboios a vapor. O governo de Fontes Pereira de Melo avançou finalmente e começaram a fazer-se linhas a ligar o litoral, entre Lisboa e o Porto, a ligar Portugal e Espanha em direcção ao resto da Europa, e finalmente o interior. Foram muitos os que achavam um desperdício e é certo que o país se endividou e houve corrupção, que Portugal teve que construir linha conforme a bitola espanhola, medida proteccionista inventada em Madrid, mas que permitiu a ligação a França e ao resto da Europa.

Tenho alguma dificuldade em perceber o PSD sobre a alta velocidade. A coerência não está à vista, visto que em vários governos onde este partido esteve foram aprovados projectos, inclusivamente quando Manuela Ferreira Leite foi sucessivamente ministra (chegou a ser da Educação!).

Depois há compromissos de Estado, do estado português, com o estado espanhol, com a União Europeia, que envolve dezenas de estados que estão a criar uma rede europeia. E grande parte do investimento é feito com fundos europeus, para projectos transfronteiriços, entre outros. Vamos entregar esse dinheiro aos outros?

Não me venham com argumentos do género que países como a Irlanda (afinal com esta crise já não é modelo) não têm auto-estradas nem TGV. Se o TGV arrancasse na Irlanda, ao fim de alguns minutos caía no mar. Megalomania seria também ter pontes das maiores da Europa, no Tejo, visto que a maior parte dos outros países têm muito mais pequenas. Só que nós temos alguns problemas que não têm outros, como o de ficar na ponta mais ocidental da Europa. E já agora expliquem-me também por que é que a Bélgica, a Holanda, a Alemanha, a França, a Espanha etc., etc., têm alta velocidade. Serão todos perdulários? Tudo o que investiram era deles? Não ganharam nada com a alta velocidade? A rede espanhola e outras não vão ser utilizadas por portugueses para irem a outros países, ou são os portugueses que vão pagar as infra-estruturas para chegar a Paris?

As coisas têm que ser estudadas e ponderadas, há que calcular os investimentos, verificar as fontes de financiamento, tudo isso. Mas há também que calcular as perdas por ficarmos isolados.
E já agora deixem-se do “perigo espanhol”. Eles já têm demasiados problemas com os bascos, catalães, galegos, andaluzes … a última coisa que um governo espanhol quereria era ter outra vez problemas com portugueses que já estão separados da Espanha há séculos.

Hip Hop em Évora

Um ex-aluno enviou-me este cartaz. Saúdam-se iniciativas.

Espaços Verdes em Évora




Por vezes temos as coisas à nossa frente e parece que não as vemos.

Há projectos para um "fórum" em Évora, como se não tivéssemos aqui um amplo espaço comercial no centro, que mereceria ser revitalizado, em vez de se fazer um novo suburbano e abandonar este. Poderíamos ter uma ampla praça no Rossio, com uma centralidade que viria na continuidade e complementaridade com a Praça do Giraldo, em vez de dispersar os serviços para outras zonas, como a zona industrial.

E há quem proponha projectos para novos parques urbanos, o que é de pensar e discutir.
Mas temos nós aqui um parque, um jardim com uma mata, um Passeio Público (um dos melhores dos criado no século XIX, com uma intervenção grande de um cenógrafo, Cinatti, com coreto, galeria do antigo Palácio de D. Manuel, que já foi também teatro, ruínas fingidas (o fingimento é da composição, que as janelas manuelino-mudéjares são originais do Palácio Vimioso), árvores diversas, recantos.

É de perguntar por que é que se desperdiça este património, por que é que não é mais usado, por que é que vai sendo entregue a grupos marginais, por que é que fecha cedo, por que é que já não é utilizado, por exemplo, durante a feira de S. João ...

domingo, 13 de setembro de 2009

PS engana-se nas previsões

Afinal não chove, mas o PS, em Évora, com medo da chuva deste Verão tão molhado (molhado pelos que metem água), decidiu fazer um comício no Pavilhão Gimnodesportivo da Escola Secundária de Severim de Faria.

Mau começo de campanha. A noite está amena e num pavilhão deve estar muito mais calor. É assim que agora se sua no PS! Mau augúrio!
Ora, andam os meus colegas de Educação Física sempre preocupados com o calçado a usar no pavilhão, porque este foi destinado a ginástica, desportos e afins, e só para isso. Espera-se pelo menos que os saltos altos, sapatos de verniz e quejandos não risquem o chão e que amanhã as aulas possam decorrer normalmente. Será que o primeiro-ministro e presidente da Câmara vão de ténis, como os outros!?

Mas porquê uma escola, e esta escola, numa noite de Verão convidativa para sair à rua? Ainda por cima numa escola em obras!

No pavilhão desta escola nunca, até agora, tinha havido qualquer actividade que não estivesse na área da Educação Física. Estreou-se agora o PS, e logo com o presidente actual da Câmara de Évora e com o primeiro-ministro que hoje, durante alguns minutos, são só do PS, não tendo mais cargos nenhuns nem usando meios do Estado, como automóveis, seguranças etc. (será?).
Começo a duvidar da bondade de entregar as escolas às autarquias, sobretudo com certos executivos. Que mais projectos terão para as escolas?
A não ser que haja alguma cena desportiva de surpresa ou uma dança, ballet, pugilato, qualquer coisa que justifique os fins para que este pavilhão foi criado e agora inaugurado ao serviço da propaganda deste governo e câmara.
Mas também tenho outras dúvidas. Por que é que este executivo camarário, não queria espectáculos na Praça do Giraldo, acabando com o “Viva a Rua” (agora já não e por isso fazem-se passagens de modelos) e acha que um pavilhão desportivo de uma escola, é que é bom para a propaganda do governo e das promessas repetidas da campanha autárquica?
Têm medo da chuva numa noite de Verão! Não sabem que a chuva faz crescer as plantas e os frutos. Tinham logo que vir, a seguir ao comício da CDU, à tarde, junto ao templo romano? Se têm medo da chuva, não metam mais água que podem ficar submersos pelos votos noutros partidos.
E para uma escola! A escola serve para tudo? Não há mais espaços? E então a Arena de Évora? Se cabem lá touros não haveriam de caber também estes cidadãos, no intervalo das suas funções públicas?
E tinha logo que ser uma escola onde a maioria dos professores assinaram documentos contra este sistema de avaliação, desconhecido no programa do PS na anterior campanha eleitoral.
É provocação, é falta de tacto, é desespero?
Suponho que é isso tudo ao mesmo tempo. E falta de respeito e arrogância também.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Cabeço de Vide






São muitos os antigos concelhos que foram suprimidos após a Revolução Liberal. Cabeço de Vide é um deles, mas conserva ainda edifícios, monumentos e espaços reveladores da antiga vila.
A igreja do Espírito Santo, com características do chamado manuelino-mudéjar e um portal renascentista, bem como, bem perto, as termas da Sulfúria, exploradas desde a época romana, pelo menos, sacralizadas popularmente, como quase todas as "águas santas" deste país.

Úma praça à maneira de Espanha




Falar de Espanha no século XVII pode ser quase um anacronismo. O rei, até 1640, era rei de Castela e Leão, com as suas conquistas, de Aragão, com a Catalunha, Valência, Sicília etc., etc., Países Baixos etc., etc. e Portugal com as suas conquistas. Cada Reino tinha as suas leis e dentro destes havia foros e privilégios locais, cada um tinha a sua língua, moeda etc.

Mas há tentivas de unificação: com a Inquisição em primeiro lugar. Mais tarde os meios seriam mais drásticos, o que levou à revolta da Catalunha em 1640 e à de Portugal no mesmo ano.

Outras mais subtis mas não menos importantes, como o urbanismo, que afinal nos molda também.
As praças portuguesas são geralmente confluências de ruas. As espanholas, impostas por um poder unificador (veja-se Salamanca, Madrid ou Córdova) são praças impostas num meio urbano já preexistente, propositadamente feitas para grandes espectáculos e encontros (não é que as portuguesas não o fossem, mas são mais "naturais " ou "orgânicas".
Em Campo Maior há uma praça diferente das outras, de raiz, quadrangular, à maneira espanhola.
Tudo menos por acaso. Veja-se a data da fundação: 1618, no tempo de Filipe II de Portugal, III de Espanha. Mesmo com juiz e vereadores portugueses, conforme o estabelecido nas Cortes de Tomar.
Mas, apesar do urbanismo, a arquitectura ainda é portuguesa. Temos também que ter em conta que Campo Maior era um espaço militar, o que se provou claramente com a Restauração e outras guerras.

Campo Maior e a Restauração







Por vezes esquecemo-nos que as nacionalidades e as fronteiras foram feitas à custa de muitas guerras. Algumas imagens de Campo Maior. Repare-se na lápide da imponente porta da vila: aqui se faz alusão a D. João IV e à Nossa Senhora da Conceição durante as guerras da Restauração. Por estes quarteis passaram e sofreram muitos soldados.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A TVI

Em fim de estação e princípio de campanha eleitoral temos o caso Manuela Moura Guedes, cujo nome oficial até nem é bem esse.
Não aprecio o estilo de Manuela M. G. Está entre as coisas que mais detesto na televisão: a provocação gratuita, a falta de ideias, a falta de respeito para com o interlocutor, com interrupções de frases, as formas de levar as pessoas a dizerem coisas que não tinham pensado etc.. A personagem não é certamente uma vítima, mas houve mais uma intromissão quotidiana do poder económico. Não creio sequer que o governo tenha entrado nisso. Até pode ter entrado dada a misturada. Mas sem outras provas não vale a pena entrar em teorias da conspiração à maneira do jogo da Manuela.
O que sei, é que raramente consigo ver a TVI, sobretudo porque quase nada aí me interessa. Há mais coisas que ver e fazer do que ver e ouvir banalidades a toda a hora. Mas como cidadão e também em nome da liberdade de expressão que há muito não existe na TVI, gostaria que o espaço público fosse um pouco melhor. Terei que ser obrigado eternamente a prescindir de canais que ocupam o espaço público e a pagar para ver outros? E as taxas de televisão e os impostos servem para quê?

O que me interesse neste momento são duas coisas. Uma, o facto de as ondas hertezianas serem limitadas e, portanto, ocupam o espaço público que poderia ser ocupado por outros. Ao ocuparem o espaço público há também limites e o principal é o respeito pelo contrato e a observação da lei, da liberdade de expressão e dos outros direitos da Constituição. Como noutros espaços públicos não se pode só fazer o que se quer.
Ora recordemos como foi licenciada a TVI. Depois de muita polémica, muita sermões e invectivas em altares e noutros grupos de pressão, a TVI foi licenciada, tendo em conta a Concordata, como televisão de inspiração cristã, “ipsis verbis”. Mobilizaram-se as igrejas, as Misericórdias, seminários etc. para comprar acções da TVI. Depois não aguentaram e venderam a televisão de inspiração cristã.

E agora? Há que pedir responsabilidades

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

2ª guerra. Há setenta anos

Fez 70 anos o início da guerra mais devastadora que existiu no mundo. Onde se matou e se exterminou utilizando a tecnologia mais avançada da civilização industrial.
Oficialmente começou no dia 1 de setembro de 1939 com a invasão da Polónia. Mas em 1938 já Hitler tinha anexado a Áustria. Depois seguiu-se a invasão da Checoslováquia. A Grã-Bretanha e a França assinaram com Hitler o Pacto de Munique que permitiu que a Alemanha se sentisse à vontade para aumentar o seu "espaço vital".
Hoje Putin reconheceu o erro do Pacto Germano-Soviético.
Não seria tempo de a Grã-Bretanha e a França reconhecerem que também deixaram os nazis fazerem tudo o que lhes apetecia até ao dia 1 de Setembro de 1939?