sábado, 21 de novembro de 2009

Propostas precisam-se

As línguas são uma grande ilusão. Pensam as pessoas que estão a falar de uma coisa e há outros que não percebem ou não estão para perceber.
Num país como Portugal, que até tem uma língua já usada oficialmente há muitos séculos (quando no reinado de D. Dinis o Português se tornou língua oficial, ainda os ingleses da corte usavam um francês normando), falam-se muitos discursos que só alguns grupos entendem. O que é que significa para a maior parte das pessoas, num país com elevada iliteracia, usar expressões como avaliação formativa, objectivos individuais, competências, pedagogia, didáctica, construtivismo etc. etc. ? E quando começam com siglas, PE, DE, PCE e outras, ainda muito menos

Não estou aqui armado em arrogante, mas há ainda muitos que não lêem um artigo de um jornal, têm dificuldade em preencher um requerimento simples e quando vêem uma notícia na televisão, ligam mais à imagem e à emoção transmitida do que às informações dadas. Outros sabem, ou julgam saber e depois desligam, porque pensam que há outros assuntos que merecem atenção. Outros ainda presumem que só o que eles e o grupo fazem é que é importante, dividindo em escalas hierárquicas em que uns são superiores e outros inferiores, e mais importantes se pensam quando acham que subiram muito.

Falemos agora da avaliação de professores. Não basta ter razão na contestação. É preciso que o discurso passe. Os professores (quais?) até conseguiram, mas isso pode ser uma ilusão temporária. Ainda têm um capital de prestígio, fruto de as pessoas terem quase todas passado pela escola ou concluído que esta era importante ou porque ainda há muitos professores na sociedade, nas autarquias, em associações e assembleias (até da República), capazes de influenciar.

Mas quando se contesta, não basta apenas reagir. É preciso ter propostas razoáveis e, sobretudo enquanto a opinião pública ainda está desperta.

Não ter propostas claras, pode levar a impasses e ao cansaço, dos próprios que reagem e dos que poderiam apoiar. E se passa demasiado tempo, alguém decide.

O país não vai passar anos a discutir questões dos professores e do ensino. O tempo urge e as pessoas cansam-se.

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