terça-feira, 3 de novembro de 2009

Governo de diálogo?

Neste país há muita gente com tendência a subverter as palavras.
Há uns anos António Guterres usou a palavra diálogo e logo se banalizou na opinião publicada. Apesar das minhas divergências, estou convencido que era sincero e tentou fazê-lo. Também é preciso ver o contexto: tínhamos saído de governos de Cavaco Silva que dizia que nunca se enganava. Retirou-se Guterres do governo antes de tempo e logo vieram alguns gozar ainda mais com a palavra diálogo. E quando gozam querem dizer que o diálogo é uma fraqueza, algo que não interessa a quem detém o poder. Triste conceito de democracia, falta de humildade perante as votações dos eleitores!
Agora o primeiro-ministro, depois de uma constante atitude de sobranceria e apoio repetido aos ministros e secretários de estado arrogantes volta a falar de diálogo.
Durante o último governo preocuparam-me mais as atitudes intransigentes da ministra da Educação e a atitude continuada de provocação do secretário de estado Valter Lemos, do que as gaffes de Manuel Pinho ou os dislates de Mário Lino.
A ministra da Educação foi-se embora, porque era impossível manter-se pelos estragos que fez. Mesmo alguns próceres do PS já começavam a duvidar de tanta iluminação, tanta reforma inovadora (ou reaccionária), contra quase todos.
Mas este governo manteve muitos e catapultou outros, cujo currículo foi a militância de começar por colar cartazes e continuar a dizer sim. Pelo meio, aparecem outras caras mais simpáticas e com obras noutros lados.
Não são as pessoas em si que me interessam, mas como governantes e as políticas que anunciam e executam.
Um sinal muito mau deste governo, que contraria totalmente a ideia de diálogo (forçado porque o governo não tem maioria e é obrigado a dialogar) é o lugar de secretário de estado de Valter Lemos no Ministério do Trabalho.

Esperemos! Esperar em tempo útil é necessário. Vamos ver o programa, o orçamento, as linhas de actuação e os factos.

Mas pôr alguém que nunca soube dialogar, que fez uma guerrilha constante, usando a demagogia no quotidiano, diabolizando os inimigos que criou, e uma apetência pelo poder já sem rebuços, é mesmo um sinal muito mau, é mesmo uma provocação, como dizia Carvalho da Silva há dias. Aliás, para um primeiro-ministro que se apresenta tão esperto, é uma falha mais na anunciada apaziguação. Mas tem companhia, o homem que gosta de "malhar", embora na sua juventude fosse contra os "capitalistas e generais", frase repetida pelos trotsquistas portugueses de há uns anos. Mas isso foi aquilo que alguns consideram "dislates" da juventude, embora alguns companheiros de antanho pensem que se trata de falta de coerência.

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