sábado, 10 de outubro de 2009

Dia de Reflexão

Mais um dia de reflexão! Espera-se que os cidadãos reflictam. Ainda bem que não é como noutros países, em que mesmo nas horas de votar as pessoas são bombardeadas com sondagens, publicidade paga por lobbies que exigem o pagamento em actos, com Ética ou sem ela.
No dia da reflexão, saio da minha casa, no chamado Centro Histórico (não gosto deste nome porque leva a pensar em relíquias para exposição ou fotografia para mostrar aos amigos), digamos que saio da minha casa situada numa parte da cidade mais antiga, mas que faz parte da cidade como outros bairros, e pretendo beber um café.
A pastelaria A está fechada, porque a clientela que tem é composta de pessoas que trabalham aqui mas moram noutras áreas, a pastelaria B o mesmo, o restaurante C, tal e qual, o bar D só abre à noite, mas ao sábado menos. O comércio está fechado (os centros comerciais fora não), muitas casas de habitação estão também fechadas e emparedadas até, vê-se uma ou outra pessoa de mais idade, alguns turistas … Lá encontrei um cafezinho ao pé das muralhas!
Hoje até há um ou outro espaço para estacionamento para os moradores que pagam um selo caríssimo, que nos outros dias não há lugares, até porque reservaram a maior parte para tribunais, feitos onde antes eram armazéns de mobílias, pensões e hotéis e ninguém fiscaliza à noite e aos fins-de-semana. Como há menos movimento de automóveis alguns aceleram, táxis incluídos, respondendo arrogantemente se alguém lhes disser que o limite de velocidade intra-muralhas é de 30 km à hora (as placas existem!).
Passo ao pé de uns contentores do lixo já cheios. Não há separação. Mesmo sabendo-se que existem aqui muitos cafés e restaurantes, há talvez alguns que enterram a cabeça na areia e presumem que todas essas garrafas de vidro, papelões e outros vão ser levados para contentores próprios a centenas de metros ou mais. Não vão, apenas alguns particulares com mais pruridos se lembram de ir amontoando em casa esse lixo, até pegarem no automóvel para o levar para locais adequados.
Vão circulando automóveis, que os transportes públicos quase não circulam ao fim de semana e mesmo nos outros dias não chegam como alternativa. Andar de bicicleta, como o fazem normalmente holandeses, dinamarqueses e outros que têm neve e chuva, aqui pode ser perigoso, sobretudo nas rotundas, mas não só; Imagine-se apenas vir do Bairro do Bacelo até aqui e arriscar-se a levar com um automóvel nas traseiras, na dianteira ou nos lados. Ciclovias são mais para lazer que para o dia a dia. Por isso, nos dias da semana, uma cidade desta (pequena) dimensão parece ter mais automóveis que Amesterdão.
Como hoje é sábado, não poderei tratar de nenhum problema relacionado com o Centro Histórico. Se não, lá teria que pegar num automóvel para ir à Zona Industrial.
Felizmente também hoje, uma breve interrupção, não há aquelas procissões medievais com caloiros e outros que de vítimas passaram a algozes e que durante parte do ano passam por estas ruas e travessas, à noite já com a barriga cheia de álcool bebido à pressa, largando impropérios e sons não musicais, como se dentro das casas não houvesse já ninguém. Diga-se que não são só estudantes, são também gentes de outras qualidades e idades, que por vezes aplicaram alguns rendimentos numa ou noutra casa com umas senhoras que servem umas bebidas e outras coisas de lazer.
Hoje, não vi nenhuma ratazana. Mas os indícios de representantes das famílias que tenho visto, lá estão naqueles buracos que vão aparecendo, nos abatimentos das calçadas, fruto desses habitantes da obscuridade que vivem numas canalizações de pedras soltas e galerias adjacentes que foram construindo, roendo também as da água que vai chegando lamacenta às habitações, depois de muitas perdas.
Enfim, volto para casa. Não encontrei sítios onde as crianças possam brincar, nem quase nada que mexa, a não ser os automóveis que podem acelerar mais, porque há menos trânsito.
Ainda assim, nestes passos perdidos, vinha a pensar numa possível explicação para o facto de ter sido proibida a entrada de alguns candidatos, até membros eleitos desta municipalidade, nos Paços do Concelho desta Câmara. Como é possível nos dias actuais em que pessoas de diferentes partidos se cruzam e se cumprimentam, como ontem na Praça do Giraldo? Proibir a entrada de Abílio Fernandes nos Paços do Concelho (vide filme acessível no "Mais Évora), que foi presidente da câmara durante 25 anos, não é só desespero e intolerância: é falta de educação.
E como já reflecti o suficiente nestes últimos anos, vou tratar de outras coisas que também merecem ser tratadas.
Amanhã voto como sempre, até porque me lembro de algumas coisas do passado, vivo este presente e gostaria que os problemas da cidade fossem resolvidos, no interesse de todos, mesmo que isso leve algum tempo e algumas polémicas.

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