sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O voto útil contra o PS.

Tenho constantemente recebido mensagens do género ”vota à direita ou à esquerda mas não votes no PS”. Ultimamente até tenho recebido outra, em que se demonstra em que partido se deve votar para não ganhar o PS em determinado círculo: nuns deveria votar-se no PSD, noutros na CDU ou Bloco de Esquerda, e haveria ainda em alguns várias possibilidades de escolha.
Ora este raciocínio simplista é perigoso. Será que existe alguma coerência num eleitor que vota à direita ou à esquerda só porque mora num distrito, podendo votar de maneira completamente diferente se morasse no outro círculo eleitoral ao lado? Por uma questão de localização mudamos da CDU para o CDS ou do Bloco de Esquerda para o PSD? Será que por morar na Madeira uma pessoa teria que votar nos sectários de Alberto João, fazendo vista grossa e alinhando com o populismo, caciquismo e o compadrio?
Estes partidos não nasceram do nada. Recorde-se que na anterior legislatura o PSD aumentou impostos, tendo garantido na campanha eleitoral que os ia baixar, que Manuela Ferreira Leite era implacável, que congelou os vencimentos dos funcionários públicos… e que, por fim, o primeiro-ministro Durão Barroso pôs no poder uma figura de um tipo que nem já nem na América Latina se usa e que, apesar da paciência demonstrada face a ideias e práticas mirabolantes que aumentaram ainda mais o deficit, o Presidente da República despediu-o por incompetência. Vamos também esquecer que figuras que exerceram cargos importantes do Estado enriqueceram repentinamente? O caso BPN é exemplar e ultrapassa a decência e a promiscuidade.
Mas mais do que estes casos, que são apenas a espuma visível, PS e PSD apropriaram-se do aparelho de Estado, estando ora no governo ou fora dele, sem qualquer pudor em aproveitar-se e servir dois senhores ao mesmo tempo, obtendo proveitos próprios, mesmo sem corrupção aparente. Evidentemente que a maior parte dos militantes não são assim, mas a teia tem crescido.
Mas há mais! No PSD tem-se defendido o privado contra o público. Assim assistimos à privatização de hospitais e tentativas de destruição do Serviço Nacional de Saúde, elogiam-se as escolas privadas em detrimento das públicas, com desinvestimento na Educação, proclamam-se os benefícios das reformas privadas, contra a Segurança Social, mesmo sabendo que muitas companhias seguradoras que especulam nas bolsas deixaram de dar garantias a partir desta crise, desregulamentaram-se direitos, levando à precariedade no trabalho e ao despedimento fácil, sobretudo em relação aos jovens …
E, no caso dos professores, ainda recentemente não esteve o PSD calado tanto tempo, quando foram publicados os decretos sobre a gestão e o estatuto dos professores? E o que propõe agora: vai permitir que todos possam chegar ao topo da carreira, desde que tenham cumprido os deveres profissionais? Vai propor a gestão democrática? Ainda não os ouvi falar disso, mas sei que isso levaria a um aumento do orçamento de estado na Educação e Manuela Ferreira Leite já demonstrou como ministra das Finanças, que não é pessoa que abra os cordões à bolsa para aumentar a massa salarial.
E já agora porquê tanta preocupação com maiorias absolutas? As que tivemos levaram sempre a tiques autoritários: Cavaco Silva, “o homem do leme”, “que nunca tinha dúvidas e raramente se enganava” (expressões do próprio) ou José Sócrates que já dispensa apresentações.
Na Alemanha já há muito que se governa com um sistema multipartidário, com governos minoritários e o sistema funciona. Somos superiores ou inferiores aos alemães?

Nenhum comentário: