domingo, 1 de fevereiro de 2009

E se o primeiro-ministro fosse corrupto?

Fresco nos "Paços de Audiência", em Monsaraz. Século XV. O "Mau juiz" olha para os dois lados ao mesmo tempo (Picasso haveria de descobrir essa técnica cinco séculos mais tarde) e recebe dos dois lados.

E se o primeiro-ministro fosse corrupto?

Teria que se definir se corrupto é só aquele que recebe com a mão esquerda (sinistra), enquanto com a outra faz o contrário. Ou se corrupção também é corrupção de ideias.

Seria um pouco a “vingança do chinês” ( desculpem-mse os chineses, que isto é invenção desta aldeia ocidental) se o cidadão José Sousa, actual primeiro-ministro, se demitisse. Não é porque tenha algum ódio de estimação por ele ou pela ministra. Não sou muito dado a ódios e não sei se o mereceriam.

Dava até jeito que se demitisse.

Mas não me interessam as pessoas, tratando-se de política. O que contesto são as ideias e as práticas.

É fácil cair-se na suspeição. Qualquer um o pode ser com denúncias anónimas. É fácil inventar teorias da conspiração. É também fácil, dada a morosidade adicional das polícias e dos tribunais, transformarem-se as suspeições em factos que ninguém tem a certeza, mas que todos garantem que ouviram dizer que é verdade.

Apenas conheço um facto, e este interessa e deve ser explicado. O processo do Freeport foi despachado em tempo recorde e nas vésperas do fim de um governo em gestão.

Não quero que um primeiro-ministro saia só por suspeitas. Gostaria que ele se fosse embora pela sua política. E castigado politicamente pela sua arrogância.

Mas também não me agrada que se transforme em vítima de uma qualquer conspiração das indetermináveis “forças do mal”, que podem também ser úteis. Nem que ganhe com isso, que é o que já se está a fazer.

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