sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Assinaturas

Houve tempos em que a palavra bastava e era mais importante que a escrita. Mas ainda hoje continua a ser importante. Não foi por acaso que o presidente Obama, para o ser, teve que repetir o juramento, sem qualquer hesitação.

Na nossa civilização a assinatura aumentou o poder da palavra, talvez por causa do excesso de palavras, também para constituir uma prova.
Ninguém (há sempre excepções que podem ser adjectivadas) assina um cheque de qualquer maneira, ninguém assina um contrato sem o ler, ninguém assina um contrato de casamento sem pensar. Cada um, quando assina, pensa certamente nas consequências da sua assinatura e na coerência de atitudes que se compromete a ter. E, desde os filósofos gregos que a Lógica adoptou o princípio: “O Ser É, O Não Ser Não É".

Em situações em que há compromissos inequívocos não há lugar para depois se dizer que afinal não era bem assim.

Quem assinou o pedido de suspensão deste malfadado decreto de avaliação dos professores não pode vir agora simplesmente e sem dar qualquer explicação dizer que não leu bem ou que não sabia das consequências. Trata-se de professores que, por o serem, sabem ler e pensar . As consequências são apenas aquelas que já estão na legislação e não podem ser retroactivas, porque estamos num Estado de Direito. Não se podem imaginar outras ao sabor de opiniões que prevêem um determinado futuro e que apenas são palpites.
E uma decisão livremente assumida, sem que as circunstâncias tenham mudado (o decreto, mesmo com a regulamentação “simplex”, continua em vigor) não pode ser simplesmente alterada com base em palpites.

Para lá dos princípios, e esta é uma profissão em que há que ter princípios, há que ter a consciência de que quem primeiro recusou e agora volta atrás, vai passar à frente dos outros que confiaram na sua palavra e na sua assinatura, nesta luta que só tem tido sentido como luta colectiva. Nem imagino que alguém possa pensar que havendo uns que se recusam a esta avaliação, sejam menos uns concorrentes para as quotas assim mais disponíveis. Mas o facto vai ser esse. É altura de mostrar que a coerência e a possibilidade de ganhar a luta vale mais do que o "salve-se quem poder" e as justificações individuais que o justificam.
Uma luta que já juntou em várias manifestações e greves quase todos os professores não pode ter sido em vão. E não o será certamente!

A diferença de opinião e a mudança devem ser respeitadas. Mas quando uma mudança de opinião prejudica os que confiaram nos outros, os que continuam têm direito a uma explicação.

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