segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A Aldeia da Ponte. Os mordomos.


























Os mordomos são quem dirige a festa.
Actualmente são, em princípio seis: quatro rapazes e duas raparigas. São escolhidos pelos mordomos do ano anterior e é uma desonra quando alguém recusa. Antigamente eram só homens. O aceitar implica muitas responsabilidades: a organização de várias festas ao longo do ano, a festa religiosa com procissão, as touradas: uma à portuguesa, com cavaleiros e forcados, a outra, a principal, a “capeia raiana”, espectáculos nocturnos vários, piqueniques etc. Nos espectáculos nocturnos há de tudo, desde fados de Coimbra, este ano o Zé Cabra, o Zé Malhoa com as suas bailarinas etc.
Os mordomos já são descendentes dos antigos habitantes das aldeias. Alguns vivem longe mas mantêm a identidade e a tradição dos avós
O investimento é enorme. Se houver prejuízo quem paga são os mordomos, as famílias destes portanto. Mas a solidariedade funciona. Faz-se um rol para que todos contribuam, bares nas festas onde se come e bebe muito até às tantas, vendem-se camisolas, chapéus, lenços, isqueiros. As famílias e os amigos ajudam nas tarefas, com noites sem dormir. Vêm de todo o lado, de França muitos. Em alguns dias fala-se mais francês do que português nas ruas.
Não se paga nada, a não ser na tourada à portuguesa. Cada ano se tenta fazer melhor que nos outros e melhor que nas aldeias amigas e rivais.
As festas eram do Espírito Santo, hoje de S. António, culminando no 15 de Agosto. O passeio dos mordomos pela aldeia, antes e depois da procissão é um resquício de marchas militares, com tambores a marcar o ritmo e os desfiles, em que se vai incorporando o resto da população em filas ordenadas. Não podemos esquecer que se trata da raia, por onde entravam os invasores e que até ao liberalismo havia em todos os concelhos as tropas de ordenanças que envolviam geralmente todos os homens do 16 aos 60 anos.
As crianças começam também a imitar os mais velhos iniciando-se nas marchas.
A festa é contínua. Pais de mordomos oferecem almoços como se fossem casamentos.

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