domingo, 6 de julho de 2008

As palavras ... e o Conselho Geral das escolas.

As palavras têm significado. Não podem estar a dizer uma coisa e o seu contrário.
Vem isto a propósito de um artigo neste blogue sobre o Conselho Geral. Recebi comentários irritadíssimos. Porquê? Não o sei ao certo mas já entendi qualquer coisa. Escrevi sobre o Conselho Geral e em geral. Em geral, porque há milhares de escolas neste país que estão envolvidas neste processo.

Mas logo houve quem pensasse que estava a falar da escola x e da pessoa x ou das pessoas y, ou que estaria a “enviar piadas” para alguém, como se eu adivinhasse o que se passa na cabeça de cada um. Não tenho “poderes” para isso nem faço processos de intenção.
Há uma estranha mania em Portugal, de andar a tentar ler nas entrelinhas. Parece que não se quer ler o que lá está escrito mas as intenções de quem escreve, como se se partisse do pressuposto que é necessário atacar alguém ou que quem escreve anda a tentar dizer que é o maior. É triste mas há quem pense assim.

Também sei que escrever é um risco, o melhor é estar calado e esperar pela mudança dos ventos e acertar o passo então. Sempre me disseram isto mas eu também tenho as minhas manias. Heranças dos anos setenta, para mim felizmente! Talvez fosse melhor escrever sobre futebol ou dizer mal do Chavez, que sobre assuntos desses ninguém se importaria. Ou então mandar umas piadas sobre este ou aquele ministro e os políticos em geral. Seria certamente mais acertado e ninguém diria que ando a mostrar-me mais do que devia.

Mas falemos ainda sobre o Conselho Geral. E para descansar as consciências repito que não vou falar de Évora.

É ou não importante que se saiba e em tempo adequado o que é que os diferentes elementos que se propõem para o Conselho Geral digam o que querem fazer?
É ou não importante que uma câmara municipal diga que meios dispõe e o que pretende do ensino no seu concelho?
É ou não importante que uma Associação de Pais diga o que pretende e o que se propõe fazer em prol dos seus filhos e dos outros?
É que há países com os quais nos queremos comparar em que estas coisas se debatem, em que as pessoas e as instituições exigem mas colaboram e apresentam publicamente propostas.

É que há tantas questões a tratar e que podem ter soluções muito diversificadas. Por exemplo:
- Vale a pena ou não haver cursos profissionais? Quais? Quais são os que têm interesse para o concelho e não apenas para esta ou outra escola?
- Vale a pena ter os mesmos cursos em todas as escolas ou pensar realmente em termos de rede?
- O que se faz com os alunos que reprovam? Há alternativas? Quais? Outros cursos diferentes?
- A escola deve ter um centro de novas oportunidades ou não?
- Que formas de apoio podem usufruir os alunos? É legítimo os alunos com dificuldades não aproveitarem os apoios e os pais recusarem-nos? Até que ponto?
- A Câmara Municipal deve apoiar visitas de estudo, fornecer equipamentos ou não, ou o faz como se fosse um favor?
- A escola deve participar em projectos com outras escolas da União Europeia ou isso não tem interesse?
- Deve apostar-se no rigor ou “navegar à vista”?
- Investe-se em bibliotecas, laboratórios, ginásios? Quais são as prioridades?
- Em que medida a Área de Projecto deve trazer um contributo para a comunidade?
- O que se pode fazer para preservar, divulgar e usufruir o Património Cultural, incluindo o construído, e o Património Cultural?
- Havendo a possibilidade de aumentar ou diminuir os tempos lectivos em determinadas disciplinas, quais são as prioridades?
- Que disciplinas de opção pode oferecer a escola?
….
Há tantas questões a tratar que se não forem debatidas corre-se o risco de nunca mais haver autonomia real nas escolas.

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