quinta-feira, 13 de março de 2008

É tempo de reflectir e não parar

Costumo seguir estes conselhos para mim próprio

Antes de agir convém interrogarmo-nos sobre os nossos próprios princípios. Depois adequá-los à prática sem tergiversar nos pontos essenciais. Torna-se fundamental propor ideias e projectos mesmo antes de alguém no poder divulgar ou querer impor os seus. Conhecer a sociedade e os grupos em que vivemos é uma condição necessária, sem prescindir das utopias. Mas utopias desligadas das realidades não funcionam e, insistir nelas, desligadas daquelas, pode levar a efeitos perversos. O tudo ou nada leva quase sempre à perda de tudo o que já tínhamos. Podem até fazer bem aos nossos egos atitudes de rejeitar tudo o que não obedece ao nosso modelo, que frequentemente não é nenhum. Antecipar pode levar-nos a compreender melhor o que outros propõem e prever estratégias. Depois é preciso ver o ponto de vista dos outros, mesmo que sejam os nossos piores inimigos e compreender os diversos patamares onde se podem encontrar em momentos diferentes, aliados, adversários e inimigos de várias qualidades. E humildade intelectual recomenda-se; humilhação não. E neste caso, sem abdicar de princípios, usar as armas dos poderosos contra eles próprios e minar o poder que têm, até porque quem está no poder também tem fraquezas e medos. O processo é dialéctico, e a discussão e a luta dos contrários levam também à absorção e à modificação das posições de outros, e à geração de coisas que serão mais inesperadas se não estivermos predispostos à compreensão dos problemas.

Só as bruxas, os oráculos, os adivinhos e outros semelhantes é que adivinhavam o futuro e mesmo assim, como quando fazemos palpites sobre o tempo do dia seguinte: pode fazer chuva ou sol que teremos sempre 50% de probabilidades de acertar sem esforço. Mas podemos prever e sabemos que se nos mexermos teremos possibilidade de modificar alguma coisa, isto é, não convém que o poder fique totalmente na mão de alguns, sob pena de ficarmos ainda mais submissos àqueles que gostam de ultrapassar o poder que lhes deram.

Vem isto a propósito de todas estas questões relacionadas com o ensino nos últimos tempos.

O que é melhor: Ficar em casa? Rejeitar tudo? Oferecer pretextos e argumentos aos outros? Criticar participando? Participar criticando? Não aceitar princípios que ofendem os nossos e tolerar pormenores? Aceitar pormenores e claudicar perante os nossos princípios? Aceitar ideias contrariadas pelas práticas? Mudar de rumo por sentir uma pequena contrariedade, por uma crítica de alguém que acordou tarde? Desistir por ninharias e trocos ou por pequenas percalços? Indignar temporariamente ou ir até ao fim?

Ser radical não é fazer mais barulho. É ir à raiz dos problemas. E actuar.

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